terça-feira, 20 de novembro de 2012

A beautiful mess

Ontem quando abri meu guarda-roupa, notei tuas coisas misturadas com as minhas. Colares, vestidos, maquiagem, calcinhas... parece que o teu mundo invadiu o meu. Mesmo que seja cedo para tanta proximidade, agora é tarde e o que é meu é teu, e nessa história de unir lugares, meus passos vão onde tu me levares. Meu quarto, meus livros, meus lençóis... é onde o teu cheiro mora, é onde passeia tua voz, onde teu sorriso deita para dormir e acordar no outro dia ainda mais lindo. Mas o fato é que preciso de uma lugar para guardar as tuas coisas; Embaixo da cama você me assombra nos dias ruins, em cima dela você me faz esquecer esses dias. No meio do quarto a gente já dança aprendendo a viver a dois e nos cantos de parede estão guardadas todas as coisas que não precisamos mais. Então que fique tudo no meu guarda-roupa, as tuas roupas e as minhas, tuas calcinhas, tuas manias... Vou deixar tudo lá, sem organizar nem dobrar, assim a gente continua nessa bagunça, porque aprender a se organizar é mais útil do que ter sempre tudo no seu devido lugar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Escolhas

Fizemos escolhas que ainda não sabemos se foram as certas, e talvez nunca saberemos. Nada de arrependimentos, nada de querer voltar atrás, apenas constatações do que deixamos para trás, mas nem tão pouco perdemos. "Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som." Tudo é contraditório e ao mesmo tempo tudo se completa de alguma forma. Tudo é dúvida e tudo é resposta. Dissemos sim para muita coisa e dissemos não para muito mais, mas tudo que resolvemos acatar pesa, porém tudo que deixamos de lado um dia já pesou e não pesa mais.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"Eu não quero casar. Adoro a minha liberdade"

Acabei de ouvir essa frase na TV e ela conseguiu chamar a minha atenção, porque é engraçado como as pessoas são capazes de distorcer o conceito de liberdade, apesar de ter uma definição relativa, pois cada um pensa nela de uma forma diferente. A maioria das pessoas acha que quando casa perde a liberdade por não poder sair a noite todos os finais de semana, por não poder fazer tudo que quer sem ter que dar satisfações a ninguém, por não poder beijar outras bocas nem ir pra cama com outras pessoas. Não é livre porque não tem controle absoluto sobre o próprio dinheiro, porque não pode sair pelo mundo bebendo de bar em bar, ou chegar em casa de manhã com os amigos e ficar tudo tranquilo. Presta atenção em quanta coisa pequena, quanta coisa banal e fútil que as pessoas definem como liberdade, uma coisa tão grande, tão boa e tão "supervalorizada", e acaba sendo associada à tudo que te puxa pra trás, porque ninguém vai pra frente nem constrói nada com essa "liberdade" corrompida. Ninguém perde a liberdade com o casamento, ao menos não dessa forma. Sua vida passa sim a ser de outra pessoa também e você acaba tento que ajudar a governar uma outra vida, pois todos os seus atos vão interferir no seu dia-a-dia, tudo que você faz diz respeito ao outro e nada, absolutamente nada é seu além de que nenhuma decisão você toma sozinho. As noites ainda estão aí, os bares não vão fechar por causa da sua decisão e em relação á outros corpos e outras bocas... não existe liberdade melhor do que ter alguém pra se prender. Me orgulho de dizer que vou casar em breve, e a minha liberdade, da forma como eu a conceituo já está garantida.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Vomitando esforços

Eu sempre tive os olhos bem abertos para o mundo. Sempre soube que no dia em que eu peitasse enfrentá-lo não seria fácil, e que eu teria dias bons sim, mas que os dias ruins é que me tirariam o sono. Eu sabia sobre trabalho, eu sabia sobre amores, eu sabia sobre crescimento pessoal, intelectual e profissional... mas eu não sabia nada sobre as pessoas e a maneira engraçada como elas vêem as coisas, ou a maneira mais engraçada ainda delas não verem nada. Obviamente eu não me refiro à todos, pois no mínimo eu seria um deles ou em uma possibilidade mais provável, uma aberração. Falo de pessoas acomodadas, relaxadas e de ambição mórbida. Carrego comigo valores opostos à estes, mas infelizmente as pessoas que me rodeiam são exatamente assim. Eu não sou rico, eu não tenho um carro do ano, não tenho uma casa na praia e nem contas no exterior, eu levo uma vida normal, digna, mas eu quero mais, como qualquer pessoa quer mais, e para isso eu vou atrás com tudo. Me adoece pessoas sem nenhuma motivação, sem gás, que cumpre as obrigações quando dá e o pouco que faz se torna um esforço excessivo. Acordar as onze da manhã todos os dias? Não trabalhar no sábado sob hipótese alguma? E ainda quer comer ovo e arrotar caviar... Realmente eu não consigo entender tal discórdia entre os fatos. Sempre, desde pequeno ouvi meu pai dizer que eu devo ser sempre o melhor e essa frase nunca saiu da minha cabeça, e talvez isso me deixe com essa paranoia de esforço maior, de tentar sempre mais uma vez. Não acho que isso seja errado e particularmente eu prefiro não contar com a sorte, pois a sorte escolhe à quem contemplar, e eu quero ser contemplado podendo escolher. Eu sei que um dia as portas vão se escancarar pra mim como já está acontecendo aos poucos, e eu vou poder abrir a boca pra dizer que não tive sorte na vida, eu tive garra e determinação. É o que eu faço, é como eu sou e é o que eu acho certo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um pouco mais de "mais uma vez".

Tem horas que é como se não houvesse mais tempo, como se não houvesse mais oportunidades de errar e tentar fazer melhor em uma outra vez. Parece que dá medo que tudo desabe e não tenha mais como reconstruir, como se não quiséssemos mais esperar, como se não déssemos chances um ao outro para aprender. Cada falha é demais, e sempre que eu erro eu temo não poder tentar de novo. Quero poder pisar, pular e sapatear em nós sabendo que a estrutura não vai ser comprometida. Quero poder tentar quantas vezes forem necessárias até encontrar o ponto, mas ao invés disso me equilibro em pregos, onde cada passo mal dado dói, sangra e deixa marcas na alma. Peço mais ar e menos espaço entre nós. Protesto os recuos e exijo um pouco mais de “mais uma vez”.

sábado, 2 de junho de 2012

Saudadioso

Depois de inúmeros curtos dias, o que sobrou em mim foi saudade. Dela não sai sabor, não exala cheiro nenhum, mas me dá mais vontade de voltar, e com os sentidos mais aguçados; as mãos em brasa, ansiosas pra te tocar de novo, os olhos vivos, mas distraídos e a boca seca, à míngua na tua língua. Todos os dias eu penso no que fazer quando chegar. Não sei se te levo flores, não sei se trepo ou se faço amor, e ainda não decidi a ordem dos carinhos e das palavras que montei pra causar efeito. Tenho pensado em como me vestir pra você perceber de imediato o quanto mudei em uma semana, mesmo sem ter mudado, ser ainda o homem tal qual você moldou antes que eu fechasse a porta. E nem queira saber das minhas noites, que se arrastam contando passos, carneiros, estrelas e horas. Nos minutos enquanto escrevo, precisei me desligar do mundo, esquecer as minhas obrigações pra deixar as palavras escaparem por entre os dedos, e agora que elas já foram, vou entrar em mais uma noite e contar passos, carneiros, estrelas e horas. Vou contar bem rápido, juntar tudo de dez em dez, pra ver se acaba logo e eu só precise contar amanhã quantas vezes eu deixei de colar em você enquanto eu podia, e os infinitos segundos em que eu não aproveitei cada gesto e cada sabor diferente seu.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O que cabe na canção

Eu nunca fui de fazer muito. Nada de declarações nem gritos ao mundo, sacrifícios e nem tão pouco loucuras. Faço parte do “fazer o que basta”, apenas ser o suficiente, acreditando que tudo que transborda, estraga. Nunca pensei em largar tudo que tenho para me agarrar ao que tens, pois o que tens não é tudo, mas preenche o que me falta. Não quis me dar por completo, pois ainda preciso me ter para me dar. O que eu tenho é amor e muito, e apesar de parecer pouco, é nobre. É teu. É nosso. Meu coração não é grande, é bem apertado, mas confortável e quente. Nele nada vai te faltar. Meu amor não é do tipo que corta o fogo, prende a água ou move montanhas, mas ele é forte o suficiente para ainda estar de pé e levantar depois de tantas quedas. “Eu não sou diferente de ninguém, quase todo mundo faz assim. Eu me viro bem melhor quando tá mais pra bom que pra ruim. Não quero causar impacto nem tão pouco sensação. O que eu digo é muito exato, é o que cabe na canção.” É mais ou menos isso. É nobre, é muito exato, é o que cabe na canção.

sábado, 19 de maio de 2012

É mais seguro

Se eu pudesse guardar em mim o que sinto, manter em segredo o que me vem à cabeça eu manteria, já que ninguém sente o quer, e consequentemente não fala o que convém, ou o que é bom de se ouvir. Do meu ponto de vista, apenas sou honesto mostrando as minhas amarras, mas acabo sendo interpretado da pior forma. É fácil dizer que não conheço quem eu tenho do lado, que estou fazendo um julgamento errado ou algo do tipo, difícil é fazer com que eu mude a minha visão, e que eu sinta as coisas de uma forma diferente. Não é culpa minha se eu ando prestando atenção no passado. Não é culpa minha se ele ainda é tão presente. O máximo que posso fazer é me manter nulo e deixar aqui dentro tudo que eu sinto, tudo que passa pela minha cabeça e mentir, sempre dizer que está tudo bem quando o meu sorriso parecer um tanto forçado. Sempre me mostrei demais e sempre fui vulnerável devido tanta transparência, agora é mais seguro me manter no escuro, ou na sombra, onde ninguém toca nas minhas feridas e não precise gritar nenhuma dor.

sábado, 14 de abril de 2012

Palavras de anjo

Quando eu tentar escrever e as palavras se intrigarem comigo como agora, vou acreditar que anjos existem e vou pensar no meu. Vou deixar que ele guie meu lápis e que trace as linhas que riscarão o céu. Talvez ele não escreva nada, ou nada que eu entenda, mas alguma coisa escrita ali vai haver. Eu adoro o meu anjo, entendendo ou não o que ele escreve ou que ele diz, porque basta eu deixar de olhar o céu onde ele escreve, e invadir seus olhos, para que as linhas tomem forma, e eu entenda cada vírgula que eu deveria ter entendido antes e não entendia. Pois nenhum homem, anjo, poeta ou seja lá o que for, joga nas palavras tudo que realmente quer dizer. Ele guarda nos olhos, e filtra o que convém escrever.

domingo, 1 de abril de 2012

Alibi

- Calma, não me venha assim, não me assuste. Fala devagar tudo que precisar ser dito para que eu possa ter uma explicação coerente depois. Não atropele as palavras e não massacre os fatos, caso haja fatos. É possível que eu desconsidere tudo que de você sair, tudo que de você proceder, e cuidado com o que vai dizer, pois posso te fazer morder a língua e sentir a dor das próprias palavras. Não que seja o meu objetivo traiçoeiro, é só mais uma defesa para fugir de alguma acusação injusta que possa sair daí. Mas enfim... diga. E seja clara, não enrole. E esteja certa, não confunda-se. Não confunda-me. Não precisa ser breve, fique à vontade, faça tudo como melhor lhe convir, pois te quero relaxada, para que não me atire pedras. Quando terminar, respire e me deixe ciente de que aquele foi o fim, para que eu não lhe interrompa. Me olhe enquanto te olho e assimilo tudo que foi dito. Só não espere que eu revide, que eu contra-ataque. Recue, trema as pernas e toque a nuca. Desça a mão pelo busto bem devagar e me deixe ter um álibi. Tudo para que os dias não sejam perdidos, para que os esforços não sejam em vão. Talvez me interprete um covarde, mas eu prefiro me chamar de sensato, que procura manter o controle da situação.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Bons pra mim



Não vejo mais nada, não conheço mais ninguém. Não tenho mais forças para dar passos adiante, pelo medo de cair. A cada dia que passa, mais incapaz de andar sozinho, ainda mais frágil e sensível. Onde eu vou parar com tamanha inutilidade? Quem vai querer cuidar de alguém que não se mexe, de alguém com capacidade mental limitada? As minhas unhas estão feias, as minhas roupas tão marrons, meus olhos tão sensíveis à luz. Pele marcada, os dias quase contados, e o só consigo me lembrar de algo bom, nas fotografias monocromáticas e envelhecidas, borradas pelo tempo, cheirando à gaveta. À muito tive muitos ao meu lado, mas a vida levou todos, os que eram bons pra mim e os que eram apenas bons. O que me conforta é que novos bons pra mim virão e ainda tenho muitos anos pela frente para conhece-los. 20 anos, na flor da idade, não preciso desse drama todo porque alguém não se saiu como eu esperava. Eu vou sim voltar a enxergar as pessoas que me enxergam. Eu preciso andar pra frente novamente e sozinho, quem quiser que me acompanhe pois tenho a pressa da juventude correndo nas veias. Vou me mexer, vou pensar, vou escrever, vou amar, fazer as unhas e trocar de roupa. Não quero mais essa cara toda amassada por quem não merece, eu vou é sair amassando umas caras por aí. Que venham os bons pra mim, e que eu seja bom pra todos, afinal, o tempo passa, eu vou envelhecer e quando eu estiver como no começo no texto, mas sem ter como voltar atrás, quero ter lindas fotografias monocromáticas e envelhecidas, borradas pelo tempo e cheirando à gaveta. Pois o tempo passa e leva os bons, mas os bons pra mim, vão ser bons pra mim a vida toda.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Condições


Para ser amor, não basta deixar marcas no corpo, tem que tatuar a alma e o coração. Tem que fazer pesar as pálpebras enquanto consuma e enquanto consome. Não basta ser quente, tem que arder, ferir e coçar. Para ser amor, tem que vir todo dia, tem que ter toda hora durante toda a vida até o corpo não aguentar mais, pois vai além do corpo, tem que ir além do suor, é preciso lacrimejar. Só é amor se o corpo falar em várias línguas, se as mãos forem capazes de ler em braile e se o paladar ainda funcionar, mesmo com a boca seca. Não é amor se não causar dor. Não é amor se não houver torpor. Não é amor se não tiver cheiro, forma e cor.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cobras e portas trancadas

As vezes eu fico me perguntando, "o que foi que fizeram com o EU TE AMO". As pessoas simplesmente passaram a amar tudo e todos. Ama a família, ama o cachorro, ama o colega que se faz de amigo, diz que ama um cara por causa de tórax e bísseps, ama uma garota por causa da boca carnuda e ama o sexo oral que ela poderia fazer com toda aquela carne labial. Se esse for o conceito contemporâneo, pós-moderno, ou seja lá o que for, de amor, eu vou morrer seco, pensando que isso tudo não passa de um "gostar muito". No passado as pessoas morriam de amor, por quê sabiam amar, e levavam esse sentimento até as últimas consequências. Hoje, se morre de amor por não saber o quanto o sentimento se tornou desconhecido. É como entrar em um quarto escuro com milhares de portas trancadas e cobras espalhadas pelo chão, e se você não dançar em linha reta, uma cobra te morde e não importa pra qual porta você rasteje, ela vai estar sempre trancada. O bom é que você olhava de fora, ouvia algumas conversas e nas piores situações, o amor e o relacionamento com outra pessoa ainda era colorido e cheirava a chocolate com jujuba. E onde estavam as cobras? E as portas trancadas quando você queria fugir, onde elas foram parar? Elas ainda estão no amor. O cheiro de chocolate com jujuba vinha do "gostar muito". O amor é bom, é gostoso, faz bem, mas se você amar quem você merece amar, e não quem você quer amar. Nem tudo que é bonito e cheiroso, é uma flor, e olha que a mais bela das flores pode te ferir com espinhos. Enquanto humanos, sentimos, e sentimos muito mais quando amamos, pois toda gota d'água confusa, pode virar um mar em crise epilética. Sabe porquê dói quando acaba? Por que demos amor à um chocolate com jujuba. Nós é que ficamos com as cobras e as portas trancadas, e ainda estamos lá, no quarto escuro. Falando assim, parece que o amor é o pior e mais ilusório dos sentimentos, mas ele não é. O falso amor é que é ilusório, é superficial, é que tem cheiro de chocolate com jujuba só para te atrair e te deixar preso em uma prisão sem muros. O amor não, o amor se encaixa e aí sim vem a fantasia de amor para amor; as cobras dançam e se entrelaçam e formam aquela escultura excêntrica, as portas se abrem, a luz entra... Mas até isso acontecer, prepara o remédio pra dor de barriga que ainda tem muito doce pra comer, e não adianta, antes disso, vamos sempre lidar com as cobras sozinhos.