sábado, 14 de abril de 2012

Palavras de anjo

Quando eu tentar escrever e as palavras se intrigarem comigo como agora, vou acreditar que anjos existem e vou pensar no meu. Vou deixar que ele guie meu lápis e que trace as linhas que riscarão o céu. Talvez ele não escreva nada, ou nada que eu entenda, mas alguma coisa escrita ali vai haver. Eu adoro o meu anjo, entendendo ou não o que ele escreve ou que ele diz, porque basta eu deixar de olhar o céu onde ele escreve, e invadir seus olhos, para que as linhas tomem forma, e eu entenda cada vírgula que eu deveria ter entendido antes e não entendia. Pois nenhum homem, anjo, poeta ou seja lá o que for, joga nas palavras tudo que realmente quer dizer. Ele guarda nos olhos, e filtra o que convém escrever.

domingo, 1 de abril de 2012

Alibi

- Calma, não me venha assim, não me assuste. Fala devagar tudo que precisar ser dito para que eu possa ter uma explicação coerente depois. Não atropele as palavras e não massacre os fatos, caso haja fatos. É possível que eu desconsidere tudo que de você sair, tudo que de você proceder, e cuidado com o que vai dizer, pois posso te fazer morder a língua e sentir a dor das próprias palavras. Não que seja o meu objetivo traiçoeiro, é só mais uma defesa para fugir de alguma acusação injusta que possa sair daí. Mas enfim... diga. E seja clara, não enrole. E esteja certa, não confunda-se. Não confunda-me. Não precisa ser breve, fique à vontade, faça tudo como melhor lhe convir, pois te quero relaxada, para que não me atire pedras. Quando terminar, respire e me deixe ciente de que aquele foi o fim, para que eu não lhe interrompa. Me olhe enquanto te olho e assimilo tudo que foi dito. Só não espere que eu revide, que eu contra-ataque. Recue, trema as pernas e toque a nuca. Desça a mão pelo busto bem devagar e me deixe ter um álibi. Tudo para que os dias não sejam perdidos, para que os esforços não sejam em vão. Talvez me interprete um covarde, mas eu prefiro me chamar de sensato, que procura manter o controle da situação.