sexta-feira, 3 de junho de 2011

Um dia, quem sabe, talvez, com certeza.

Não toca no assunto, deixa tudo como está. Faz dos problemas um assunto esquecido e nos deixa sossegar no beijo, e após, não me peça pra viver um pouco mais. Um dia de cada vez, deixa acontecer, deixa ser natural. É a minha vez de não pensar nas conseqüências do que fomos ontem. As situações sempre mudam, nossos papéis sempre se invertem fazendo com que eu veja sempre seu lado e você o meu, mesmo que seja tardio, quando o mundo já desabou sobre nossas cabeças por causa da minha falta de empatia. Não seja diferente, dessa vez seja quem eu nunca gostei que fosse. Hoje eu não preciso ser considerado, preciso é ser usado e abusado por você, preciso ser mastigado e jogado fora, mas ainda manter meu sabor misturado a sua saliva, o meu cheiro na tua roupa e se eu ainda de causar tremores, ainda melhor. Eu vou estar aqui mais tarde quando a saudade chegar, e vou embora quando ela não mais existir, mas eu ainda existirei em você, da mesma forma que ainda estará em mim. Estaremos presentemente ausentes, ausentemente presentes. Vamos fazer disso tudo um grande jogo de vontades e de curtas horas,vamos poupar nosso tempo, ao menos por enquanto, para que o nosso tempo não acabe logo. Seremos um ciclo vicioso, de rotação de translação, nosso próprio sistema solar, onde nós dois giramos por nós mesmos, rodando em torno do que nos der vontade. A displicência não é crime, e mesmo que seja logo isso vai passar e estarei inteiramente entregue de novo, conseqüentemente inocentado. Mas enquanto isso, não vou forçar para não quebrar, por que a obra ainda está inacabada.

"Como uma nuvem que se vai
te vejo mas sei que aqui você não está,
tua forma muda como o vento
que me faz imaginar.
Quem sabe se desenhará
num céu adentro refletido em meu olhar,
variações atmosféricas que irão te iluminar.
Um dia se condensará e como chuva cairá,
então não vou me proteger mais.
Enquanto isso eu estarei voando
pelos céus que me revelarão
lugares que nunca pensei que chegaria a conhecer.
Assim me deixarei levar pelas correntes
que me façam navegar e muitas nuvens passarão,
mas sei que vou te reencontrar.
Um dia se condensará e como chuva cairá,
então não vou me proteger mais.
Me basta só te ver passar,
flutuando de algum lugar."

Paulinho Moska