sábado, 2 de junho de 2012

Saudadioso

Depois de inúmeros curtos dias, o que sobrou em mim foi saudade. Dela não sai sabor, não exala cheiro nenhum, mas me dá mais vontade de voltar, e com os sentidos mais aguçados; as mãos em brasa, ansiosas pra te tocar de novo, os olhos vivos, mas distraídos e a boca seca, à míngua na tua língua. Todos os dias eu penso no que fazer quando chegar. Não sei se te levo flores, não sei se trepo ou se faço amor, e ainda não decidi a ordem dos carinhos e das palavras que montei pra causar efeito. Tenho pensado em como me vestir pra você perceber de imediato o quanto mudei em uma semana, mesmo sem ter mudado, ser ainda o homem tal qual você moldou antes que eu fechasse a porta. E nem queira saber das minhas noites, que se arrastam contando passos, carneiros, estrelas e horas. Nos minutos enquanto escrevo, precisei me desligar do mundo, esquecer as minhas obrigações pra deixar as palavras escaparem por entre os dedos, e agora que elas já foram, vou entrar em mais uma noite e contar passos, carneiros, estrelas e horas. Vou contar bem rápido, juntar tudo de dez em dez, pra ver se acaba logo e eu só precise contar amanhã quantas vezes eu deixei de colar em você enquanto eu podia, e os infinitos segundos em que eu não aproveitei cada gesto e cada sabor diferente seu.

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