quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Prazeroso suicídio


Eu deveria morrer de ódio, por saber que de nada adiantou passar tanto tempo longe. Eu deveria me auto-mutilar, como se fosse um princípio moral, honrar as minhas decisões. Eu fui fraco, e cedi. Era pra eu ser enclausurado, adotar um regime militar, ser exilado e ter as unhas arrancadas, por ir contra a minha conduta, por ter feito de palhaço meu ego. Eu tinha que ficar ajoelhado num chão em brasa, de cara pra parede, sempre esperando a próxima chicotada, pra eu nunca esquecer o mal que esse vício me fez. Nada disso, nenhum destes castigos seria maior que ter as mãos arrancadas e nunca mais poder te tocar. Ter a boca costurada e nunca mais poder te beijar. Ter os olhos furados e nunca mais mergulhar nos teus. É como se eu gostasse de morrer. Como se cada beijo fosse um suicídio, e depois, a sensação de vida eterna. É por isso que eu provo esse inferno, por que ele me dá meia hora de céu.

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